Degustação Luigi Bosca

No dia 10 de Março tive o prazer de participar de uma super degustação da vinícola Luigi Bosca. O evento ocorreu na loja De Marseille que fica em Joinville (SC).

Quem comandou o show foi o Manager Carlos Mendoza, que brilhantemente falou sobre a Bodega e sobre alguns de seus vinhos…

A Luigi Bosca pertence a família Arizu que há mais de 110 anos também produz os vinhos da Finca La Linda em Lujan de Cuyo (Mendoza). Atualmente a vinícola produz cerca de 8.000.000 (isso mesmo, 8 milhões) de garrafas por ano, sendo que exporta para 47 diferentes países (EUA, Inglaterra, Brasil,…..). Atenção….Brasil é o numero 1……..em exportações para empresa…

Uma das idéias do evento era a de provar novos rótulos, já que apesar de ter começado em 1901 a vinícola esta sempre pensando em criar novas experiências, unindo tradição e inovação.

Mendoza produz cerca de 85% dos vinhos Argentinos e conta com 1.100 produtores. Com pouquíssimas chuvas (de 150mm a 200mm) tem somente 4% da terra cultivada…e isso graças aos dutos centenários que direcionam as águas dos Andes (água do degelo)…

Em Janeiro fazem a colheita das uvas brancas para espumantes, que não precisam estar muito maduras (garantindo acidez), e em maio e abril colhem as tintas (Malbec, Pinot Noir, Cabernet Sauvignon, etc)……Com bastante tecnologia, usam tonéis de inox para recepção das uvas, que mantém o controle de temperatura (aromas), por 15 a 25 dias dependendo do vinho. Depois todos os tintos vão para barricas de carvalho (possuem mais de 4.000 barricas). Alguns brancos vão para carvalho também. Das barricas 80% são de carvalho Frances e 20% de carvalho Americano. Atualmente estão pesquisando carvalhos Romenos, Chineses e Australianos para verem os resultados finais….

Site: http://luigibosca.com.ar/pt/

Vinhos:

Eles possuem mais de 10 rótulos de vinhos brancos, sendo escolhido o Riesling, que apenas 2 produtores na região fazem. A primeira vez que produziram um Riesling foi em 1969, atualmente produzindo apenas 6.000 garrafas/ano. O vinho era de 2014, jovem, sem carvalho. Bastante fresco e com mineralidade, apresentou também aromas cítricos…..provando que podemos ter ótimos exemplares desta uva fora do circuito França-Alemanha…

O segundo vinho foi um Pinot Noir, sendo um novo rótulo da empresa e esta a primeira colheita. Não trata-se de uma uva típica da Argentina, mas aqui temos uma curiosidade. Estas vinhas (a planta) foram compradas da França, da região onde fica o La Tâche, e se adaptaram bem na região do UCO. Depois de 12 anos finalmente saiu este vinho, que tem 13.012 garrafas, com um novo estilo (bom) de Pinot Noir na Argentina, e 10 meses de carvalho americano. Temos um vinho floral, frutado, e jovem, com ótimo equilíbrio e final médio.

Finalmente temos agora um Malbec. (A Luigi Bosca tem 8 rótulos diferentes com a uva malbec)……Trata-se de uma linha nova, chamada Testimonio, que representa toda a paixão e trabalho da Família (Familia Arizu, que por algumas gerações em mais de 100 anos se dedica aos vinhos, sendo um dos membros da familia presidente da Wines of Argentina)…..São vinhos mais jovens com preços um pouco mais acessíveis que os vinhos rotulados como Luigi Bosca……

Este vinho vem de vinhedos com mais de 60 anos de produção, o que ocasiona uma menor quantidade e uma maior qualidade………Vinho fresco, com estrutura que passa por 8 meses de carvalho de primeiro e segundo uso…..(Luigi Bosca não usa barricas por mais de duas vezes)…

O vinho seguinte foi o Gala 1, feito pela primeira vez em 2001 para comemorar o centenário da vinícola. Este tem 80% Malbec, 10% Petit Verdot e 10% Tannat, sendo as vinhas quase centenárias (90 anos). A cada ano o enólogo elabora as mesclas com 3 uvas diferentes, tendo de 14 a 18 meses de barricas francesas de primeiro uso…. Curiosidade aqui é que as vinhas velhas deste vinho produzem apenas 5.000kg/Hectare, metade do que vinhas novas produzem!!

Agora temos o Finca Los Nobles Cabernet Bouchet, trata-se de um vinho equilibrado, com aromas frutados, com um toque de especiarias, e equilíbrio entre tanino e acidez….

Para finalizar temos um Malbec Terroir, que utiliza um dos 4 clones de Malbec (atualmente existem 27 clones diferentes de Malbec que se adaptam a diferentes Terroirs) que a Luigi Bosca plantou há 12 anos num local mais alto em Los Miradores…….São apenas 12.700 garrafas…..ou seja, uma pequena produção para eles. O vinho obteve 93 pontos pela Wine Spectator sendo super recomendado pela revista. Trata-se de um malbec diferente, com caráter mais franco da uva, e pouco carvalho (menos de 1/3).

De Martino – Chile

Localizada na Isla del Maipo à cerca de 60 KM da capital Santiago, esta vinícola possui excelentes produtos, métodos diferenciados, e uma beleza incrível, ou seja, vale muito a pena visitá-la e experimentar seus vinhos.

Seu enólogo Marcelo Retamal é super badalado e de uns anos para cá a vinícola tem assumido uma posição merecida entre as melhores da América Latina. No local verificamos seu solo aluvial pedregoso (foto), onde as raízes crescem fortes e profundas. A irrigação é por gotejamento (2x por semana por 10 horas) e o clima costeiro da região traz bastante influência (a tarde venta muito baixando a sensação térmica). Esta região é excelente para castas tintas como Carmenere, Syrah, Merlot, Cabernet Sauvignon e Sangiovese.

São produzidas pela De Martino 1.7000.000 (um milhão e setecentas mil) garrafas por ano, sendo boa parte exportada para EUA, Canadá, Japão, Brasil, etc. Utilizam-se leveduras naturais (11 a 20 dias de fermentação à 20 graus Celsius) em tanques de Inox de 60.000 litros (45 a 60 dias)… As sobras de produção viram compostagem….

Um fato que chamou bastante atenção é que a De Martino utiliza barricas austríacas de 5.000 litros (FUDRES) que passam cerca de 6 anos no sol secando e custam 17.000 Euros cada uma!!! Podem ser usadas por mais de 100 anos..

Sobre os incríveis vinhos de ânfora vamos fazer um post especial essa semana!! E alguns outros posts para falar dos outros produtos da vinícola..

Após esta visita almoçamos nos jardins da vinícola numa estrutura aberta incrível, onde você aproveita a natureza do início ao fim (fotos)…….

Também é atribuído a De Martino o primeiro Carmenére a ser produzido no Chile em 1995 (foto)……

Bodegas RE – Chile

Segue relato de mais uma visita, agora na Bodegas RE, localizada em Casablanca (Chile).

O nome ligado a este empreendimento é nada menos que Pablo Morandé, super conhecido por trabalhar durante anos na Concha y Toro, principalmente na produção do Dom Melchor, um dos ícones da vinícola. Ele também possuía uma vinícola que leva seu nome, a Morandé, mas que foi vendida, ficando ainda a seu cargo apenas a responsabilidade na produção dos melhores vinhos.

Nossa guia nos contou que Morandé estava procurando novas áreas para a Concha Y Toro quando se deparou em Casablanca com algo que achou incrível, ocorre que a empresa não concordou com ele, já que a região era uma área utilizada para criação de gado e não para plantações!!

Ele acreditou nos seus instintos e contra a opinião de vários especialistas plantou na década de 80 os primeiros pés de Chardonnay. A Região fica a 20 km do mar sofrendo uma grande influência do pacífico (amplitude térmica). O solo é extremamente pobre e tem pouca água. O maior perigo na região são as geadas no final da primavera, a vinícola chegou a perder toda a produção no primeiro ano.

A região de Casablanca possui atualmente 8.000 Hectares sendo que 75% dos vinhos brancos chilenos vem de lá.

Voltando a falar da vinícola, a Bodegas RE abriu suas portas em 2012 (iniciou os processos em 2008). Eles possuem 200 Hectares em Casablanca com as castas Pinot Gris, Chardonnay e Pinot Noir, sendo utilizado cuidados naturais nos vinhedos (a colheita é toda manual). O solo é granítico e as vinhas são de pé-franco (sem enxertos)….

Para se proteger das geadas durante a brotação a vinícola usa aspersores, sendo que outras vinícolas utilizam ventiladores ou helicópteros..

A empresa também possui 40 hectares em Maule onde planta castas tintas, como a Cabernet Sauvignon, Carignan e Cinsault. Parte da plantação é em forma de Cabeça (arbusto, que não precisa de irrigação nesta região). Suas raízes são profundas, a produção é menor tendo mais qualidade.

A empresa também possui uma licoreria, e uma Balsameria…

Sobre os vinhos, a maior curiosidade são os nomes…….eles mesclam os nomes das uvas, sendo assim o PINOTEL é uma mistura de Pinot Noir e Moscatel…..

Alguns são Co-fermentados (misturam-se as uvas desde o início do processo) e outros tem sua fermentação em separado, fazendo-se o blend apenas no final do processo…

Participamos de uma super degustação, e de um almoço harmonizado, preparado pelo chef Ivan Parra….

Vinhos degustados:

– Bodegas RE Pinotel 2014

Composto de 95% Pinot Noir (Maceração Carbônica 1 dia) e 5% Moscatel, mostrou-se muito aromático, seco, e extremamente refrescante. Este vinho (2013) foi eleito pelo Guia Descorchados 2014 como sendo o melhor vinho rosado do Chile.

– Bodegas RE Chardonnoir 2012

Composto de 60% Chardonnay, e 40% Pinot Noir. Este vinho tem parte fermentada em carvalho francês, e passa 18 meses em barricas. Possui aromas de espumante, pêssegos, e fermento….Resumindo: UM ESPUMANTE SEM BORBULHAS……..

– Bodegas RE Syragnan 2013

Sendo 80% Syrah e 20% Carignan vindas do Maule, este vinho é conhecido como “A Besta”, com forte presença de taninos e aromas de ervas e pimenta……o processo é de Co-fermentação em recipientes de cimento….

– Bodegas Cabernan 2009

Sendo 85% Cabernet Sauvignon e 15% Carignan, passa 18 meses em carvalho e pelo menos 2 anos em garrafas para suavização dos taninos…..

– VIGNO

100% Carignan tendo as vinhas mais de 60 anos de idade, passa 18 meses em barricas americanas.

Aqui cabe falar de uma curiosidade, os vinhos chamados VIGNO são produzidos na região do Maule, sendo que na composição precisam ter no mínimo 65% de uvas Carignan, e não podem receber irrigação. A idade mínima das vinhas é de 30 anos, e o envelhecimento mínimo de 24 meses…….ou seja, o padrão de qualidade aqui é nivelado muito por cima…

– Bodegas RE ReNace Carignan 2011

Composto 100% de uvas Carignan e sendo fermentado e maturado em ânforas de barro, possui aromas de frutas vermelhas, e um toque terroso na boca. Foi eleito como melhor vinho do Maule pelo Guia Descorchados 2014…