Mais de 500 anos após as grandes navegações agora Portugal reconquista o mundo através de seus vinhos. No primeiro semestre de 2015 as exportações cresceram 4,6% em receitas atingindo 328 milhões de euros sendo 134 milhões de litros.
Maiores crescimentos foram: China 58%, EUA 25%, Canada 15%, Reino Unido 11%…..
Fonte: Revista de Vinhos (Portugal)
Para mais informações sobre vinhos portugueses: http://www.viniportugal.pt/
Pude participar no dia 11 de agosto de uma super palestra com o Sommelier Guilherme Corrêa, organizada pela ABS-SC. O evento teve como objetivo nos passar algumas informações sobre os Vinhos Laranja e fazer uma degustação com 6 belíssimos exemplares desta categoria.
Vou tentar aqui resumir um pouco desta palestra e do que degustamos….
Os vinhos Laranja na realidade nada mais são do que vinhos brancos que passam por um processo de maceração. Sendo assim estamos falando de vinho branco feito no mesmo processo ancestral (Geórgia “berço do vinho”)…..sim…..estamos voltando no tempo e produzindo vinhos de forma mais “natural”……daí porque alguns dizem que o futuro está no passado…
Algumas curiosidades sobre a produção de vinhos da Geórgia: estimam possuir 8.000 colheitas, 525 variedades de uvas autóctonas, e seu método de produção utilizando ânforas QVEVRI (grandes ânforas de terracota) é tombado pela Unesco…
– Os produtores do Friulli (Itália) e da Eslovênia estão voltando a utilizar estes métodos ancestrais, fazendo uma releitura dos vinhos do passado (incríveis…….)
– Neste momento que entra Josko Gravner, que já fazia vinhos super premiados na Itália e chegou a conclusão que aquilo não o realizava como pessoa e como produtor e após inúmeras viagens e contatos viajou em 1987 com um grupo para Califórnia e degustou mais de 1.000 vinhos em 10 dias, e após esta enoaventura percebeu que sabia o que “não” queria fazer na vida, “vinhos iguais”. Ele percebeu que existe cada vez mais uma “industrialização” dos vinhos com os mesmos métodos de produção e excesso de produtos químicos. Em 2.000 fez sua primeira viagem a Geórgia para “beber na fonte”, emocionando-se com tudo que viu. Aos poucos comprou ânforas e começou sua produção nestes métodos ancestrais e chocou a sociedade vinícola, sendo banido até de guias de vinhos. Atualmente já teve seu reconhecimento redobrado, e esta formando seguidores deste modelo, uma verdadeira história de coragem, ao largar o sucesso pela verdade….
– A coloração alaranjada vem do contato das cascas com o mosto (mesmo processo dos vinhos tintos, sendo que nos brancos podemos até deixar este contato por mais tempo), para extrair aromas e demais informações. As uvas são colocadas nas ânforas que funcionam como um amplificador do terroir, ou seja, um bom terroir criará excelentes vinhos, já uma região sem expressão não terá como gerar bons exemplares….
– Este termo “Orange Wine” foi cunhado por um comerciante Inglês chamado David Harvey, mas Josko Gravner que trouxe de volta esta categoria não concorda com este termo, ele prefere o termo âmbar…
– Vinhos extremamente versáteis para harmonizações, com uma complexidade aromática incrível…
– Temos muitos produtores que utilizam produção orgânica, biodinâmica e processos mais naturais…..o que posso falar é que estamos apenas no início deste retorno ao passado….
Vinhos Degustados:
1 – Muscat Viejas Tinajas 2014 – De Martino
Uva Moscatel de Alexandria. Dourado, aroma extremamente floral, com toques de laranja e lavanda. Particularmente recomendo este vinho para um primeiro contato com os vinhos laranja, já visitei a vinícola e sou fã de seus vinhos…
2 – Renosu Bianco – Dettori
Uvas Vermentino e Moscato Sennori. Dourado intenso, aromas de pêssegos, ervas, e muita mineralidade.
3 – Vitovska 2011 – Zidarick
Uva Vitovska, dourado turvo (não filtrado), aromas de flor de laranjeira, mineral, e um toque de iodo.
4 – Nekaj 2010 – Damijan
Uva Friulano, alaranjado e opaco, aromas florais, pêssego, menta e cítricos.
5 – Rebula Opoka 2009 – Marjan Simcic
Uva Ribolla, Dourado intenso, aromas influenciados pelo terroir (opoka), toques de tabaco, frutos secos, e bastante sapidez.
6 – Ribolla Anfora 2006 – Gravner
Uva Ribolla, alaranjado cristalino e viscoso, aromas de damasco, ervas, casca de cítricos com mineralidade e persistência.
Alguns produtores de vinhos laranja pelo mundo:
Friulli: Josko Gravner, Damijan, Zidarich, Vodopivec
Emilia-Romagna: La Stoppa
Trentino: Elisabetta Foradori
Sicília: Frank Cornelissen, COS
Eslovênia: Marjan Simcic, Marko Fon, Movia
Geórgia: Tbilvino, Khareba, Our Wine, Pheasant’s Tear
França: Laurent Bannwartha (Alsace)
Chile: De Martino
África do Sul: Intellego (Swartland)
EUA: Channing Daughters ( Long Islands)
Austrália: Didi (Adelaide Hills)